Dentre todos os princípios da governança corporativa, o mais abrangente é o da Responsabilidade Corporativa, que diz respeito à missão dos administradores de zelar pela viabilidade econômico-financeira das organizações no tempo, sem perder de vista eventuais consequências negativas de seus negócios.
Até pouco tempo esta responsabilidade estava associada majoritariamente à palavra “sustentabilidade”, mais identificada com aspectos ambientais. No entanto, a visão mais moderna indica uma perspectiva mais ampla, que leva em conta os diversos capitais envolvidos: o financeiro, o intelectual, o humano, o social e o reputacional, seja no curto, no médio ou no longo prazo. É preciso ter em mente todos esses aspectos ao articular um plano de Responsabilidade Corporativa que indique a busca pela longevidade de uma organização.
Vale frisar sempre que, segundo o Código de Melhores Práticas do IBGC, “Governança Corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo o relacionamento entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e o controle das demais partes interessadas (stakeholders)”.
Neste sentido, almejar atingir a denominada Responsabilidade Corporativa é passar a perceber a organização em sua acepção mais abrangente. Além de buscar implementar os princípios da Transparência, Equidade e Prestação de Contas de forma objetiva, cabe aos gestores imaginar como preparar-se para suplantar as adversidades, a fim de superar as barreiras do tempo.
Influência das mudanças tecnológicas na estrutura das corporações
![Mudanças tecnológicas na estrutura das corporações](https://portugalvilela.com.br/wp-content/uploads/2022/01/mudancas-tecnologicas-estrutura-das-corporacoes.jpg)
Há poucos anos, uma organização que possuísse um modelo de negócios estabelecido, com bons clientes, faturamento e geração de ebitda positivo tinha o caminho aberto para garantir aos seus sócios um longo período de resultados financeiros. Contudo, as mudanças tecnológicas têm sido tantas e tão rápidas que, em um curto espaço de tempo, um novo player pode – através de uma inovação disruptiva – tornar-se um novo e relevante ator mesmo em mercados dominados por grandes incumbentes.
Pode-se usar como exemplo o que aconteceu com o mercado da telefonia fixa com a entrada do Skype, na telefonia celular com a disseminação do uso do Whatsapp, no transporte de pessoas com o advento do Uber/Cabify e no mercado de hotelaria com a explosão do uso do AirBnB, entre outros que já revolucionaram definitivamente nosso modo de vida.
Para enfrentar este desafio as organizações precisam, antes de traçar qualquer plano, abrir a mente de seus gestores para temas que antes seriam da alçada do gerente da antiga área de Informática. Inovação e tecnologias se tornaram tão estratégicas para a sobrevivência das organizações que precisam ser pauta do Conselho de Administração ou, se ele não existir, das prioridades dos Diretores e do CEO.
Mesmo com estes temas no radar de todos, as inovações sempre acabavam adiadas para o próximo orçamento. Com a pandemia, a transformação digital teve que ocorrer às pressas, com a exigência do home office, webinars, vendas remotas, viagens adiadas e riscos aumentados. Quem já tinha se adiantado no tema assumiu uma melhor posição e já colhe resultados.
Planejamento estratégico na longevidade de uma organização
![Planejamento estratégico na longevidade de uma organização](https://portugalvilela.com.br/wp-content/uploads/2022/01/planejamento-estrategico-na-longevidade-das-empresas.jpg)
E o que isto tudo tem a ver com governança? Uma organização que se pretenda longeva, precisa ser capaz de enxergar além das gerações que hoje zelam pelo seu presente. O planejamento estratégico precisa estar alinhado com o acordo de sócios que contém as regras de sucessão empresarial, sucessão esta que não é mais sinônimo apenas de substituição de executivos após seu falecimento.
Não! Sucessão é algo vivo e dinâmico que precisa estar alinhado com regras claras de ingresso e ascensão de herdeiros (no caso de empresas familiares) e em consonância com os planos de cargos e salários dos executivos. Ter sempre um “número 2” pronto para assumir a posição é condição sine qua non da empresa moderna e que pretende atingir o seleto clube de organizações centenárias.
Para tanto, será fundamental escolher valores e princípios de conduta que nortearão todas as relações com os mais diferentes tipos de público: sócios, colaboradores, clientes, fornecedores, prestadores de serviços, vizinhos, a comunidade local, o Estado, o País e mais do que nunca, a rede mundial de computadores.
A Responsabilidade Corporativa de uma organização tangibiliza a percepção de que ela é um ator global, com impacto local e desta premissa bimodal devem surgir as bases para as orientações de suas políticas com um olhar sempre apontado para o longo prazo.
ESG e sua importância no cenário corporativo
![ESG e sua importância no cenário corporativo](https://portugalvilela.com.br/wp-content/uploads/2022/01/importancia-esg-cenario-corporativo.jpg)
Dessa forma, surge no cenário a sigla ESG – Environmental/Social/Governance, que sintetiza todas essas questões e vem ganhando força no mercado, pois conecta estes assuntos, antes mais filosóficos, com a realidade. As empresas mais valorizadas nas Bolsas de Valores, mais competitivas nos certames e mais admiradas nos mercados serão aquelas que melhor souberem demonstrar que de fato possuem as melhores práticas nestes três pilares, em bom português: ASG (Ambiental, Social e Governança).
A equipe do Portugal Vilela – Direito de Negócios conta com especialistas em governança corporativa e direito societário. Em caso de dúvidas, estamos à disposição.